Para entendermos a qualidade da água, está sendo estudando e elaborando desde 2021 o diagnóstico da Bacia Hidrográfica da Baía de Guanabara. O poder público está ciente sobre o despejo de esgoto e descarte de lixo nas águas dos sistemas lagunares no Rio de Janeiro.

Conhecendo Baía de Guanabara

A Bacia Hidrográfica da Baía de Guanabara compreende 17 municípios do Rio de Janeiro, com inúmeras áreas de alta densidade demográfica. No entanto, essa mensuração se torna bastante difícil, já que a bacia se conecta com o Oceano Atlântico. 

Desde outubro de 2021, o Comitê da Bacia Hidrográfica da Baía de Guanabara (CBH-BG) realiza um trabalho detalhado de monitoramento mensal em 93 pontos ao longo de sua extensão.

Portanto, tendo como  objetivo mapear a qualidade da água e traçar ações junto às autoridades estaduais e municipais para a preservação dos corpos d’água na região. 

Parceiros

O escopo do levantamento é resultado de uma construção coletiva que envolveu:

• o CBH-BG, sua secretaria executiva Associação Pró-Gestão das Águas da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul (AGEVAP),
• o Instituto Estadual do Ambiente (Inea),
• a Prefeitura do Rio de Janeiro,
• as universidades Federal do Rio de Janeiro, Federal Fluminense e Estadual do Rio de Janeiro,
• a concessionária municipal Águas de Niterói e especialistas.

Trata-se de um trabalho muito extenso e técnico. Afinal, é um trabalho que se dispõe a levantar todos os dados necessários para que sejam pensadas e efetivadas ações de administração pública. 

investimento

Foi investido R$2,3 milhões para 30 meses de atividades, executadas pelo Centro de Biologia Experimental Oceanus. Todos os meses, equipes coletam amostras nos 93 pontos selecionados e fazem a leitura dos dados segundo 13 parâmetros técnicos. Além disso, 10 deles são determinantes para o Índice de Qualidade da Água (IQA). 

Diagnóstico

O diagnóstico da água da Baía de Guanabara está no início, tendo gerado cinco dos 30 relatórios mensais. Mas, em pouco tempo, já foi possível identificar os municípios que têm as melhores qualidade de água, se comparado com os demais. 

Os melhores resultados foram dos subcomitês que compõem o CBH-BG leste. São eles: São Gonçalo, Itaboraí, Tanguá e Guapimirim, e, parcialmente, Rio Bonito, Magé, Cachoeiras de Macacu e Niterói.

Entretanto, o resultado não é bom. Ele emite um alerta para a urgência da gestão, principalmente, de esgotamento e outras influências humanas, como o descarte de lixo.

Nesses cinco relatórios – referentes aos meses de outubro de 2021 a fevereiro de 2022 – verificou-se que a qualidade da água piora. Isso à medida em que aumenta a densidade demográfica.

Os piores resultados foram nos Subcomitê Oeste: Duque de Caxias, Belfort Roxo, Mesquita, São João de Meriti, e Nilópolis (todos integralmente) e por Petrópolis, Nova Iguaçu, Magé e Rio de Janeiro. Esses últimos de forma parcial – o que apresenta o pior índice.

Podemos dizer que, as novas construções não dispõem de equipamentos legalmente e tecnicamente adequados à coleta de esgoto. Dessa forma, os efluentes chegam diretamente à baía sem nenhum tipo de tratamento. 

Resultados positivos

E, mesmo ainda no início, o trabalho já resultou em uma ação efetiva de melhora da água. Após os quatro primeiros meses do monitoramento, foi identificadae uma calha de drenagem. Tal calha estava na Lagoa Rodrigo de Freitas, na Zona Sul da cidade do Rio de Janeiro, ligada diretamente à Favela da Rocinha. 

Com essa descoberta, a concessionária Águas do Rio interveio e conectou a calha ao sistema de tratamento de esgoto. Resolveu-se o lançamento irregular na lagoa neste ponto em específico.

Por mais que se trate de uma vitória pontual, ela é muito importante. Afinal, mostra que é possível pensar na Baía de Guanabara com águas muito mais limpas e com a vegetação ciliar e fauna preservadas.  

Vale lembrar, que o Dia Mundial da Água joga luz à discussão sobre este recurso, essencial para o planeta hoje e no futuro. A luta é por uma gestão correta, assertiva, com investimento de recursos públicos transparentes e responsáveis.

Sabemos, que o resultado é a melhoria da saúde e bem-estar de todos os seres vivos que compõem os mais diversos ecossistemas.